quinta-feira, março 31, 2005

gravidade

hoje eu vi uma barriga
não só vi como senti ela mexer-se
um grão enorme e cheio de vida
que está morando lá dentro
por algum tempo.
fez-me pensar na engenhozidade das coisas do mundo,
nas brincadeiras de prazer,
naquilo que construimos,
no que deixamos de pegadas,
de silêncios...
somos mortais
por isso criamos a vida,
os nossos rastros são deixados como crianças
obras, poesia, sonho, memória...
enfinidade de coisas
afinadas ou não.
é isso que torna nosso sangue imortal,
torna nossa maneira de ver e viver imortal,
isso faz ficarmos lembrados,
isso faz lembrarmos de alguéns,
é nessa costura que sinto o que ainda não fui
que sonho o que serei sem o ser
é o que me atravessa nos tempos
de antes
de hoje
e longe
decico à linda maria que chegará em breve à me ensinar a vi-ver

quarta-feira, março 30, 2005

.......chão de memória e tempo

estive fora
fora do ar noutro lugar
um mês voando passou e tantas
tantas coisas com o vento e eu.
aqui percebo findo mês de março,
e as águas do mesmo,
no fim do caminho
é pau é pedra
é coragem que se assegura
é meu retorno ao lugar escondido
ao buraco exposto à todos.
saúdo com saudades...
hoje é um dia comum
daqueles que fazemos coisas muitas.
riscando a lista de afazeres
linha por linha passei o dia
sem muito
nem pouco
um dia de retomar os pulsos
de refazer os passos
pouco a pouco o cotidiano se aconchega
e a vida vai ruminando
o pulso e o inpulso,
e os passos já passados
se tornam bases de um chão de memória
percorridos por aqueles instantes desapercebidos de um dia comum
como hoje
amanhã e sempre.
hoje dedico meus passos,
ao meu anjo inspirador
com olhos de azeitonas verdes
e dentes cruzados,
para o sempre...