segunda-feira, fevereiro 28, 2005

saber ventar

hoje é daqueles dias que só basta ventar...
os olhos enchem de água e não se consegue mais engolir.
acordo muito antes do sonho acabar e
ainda com o sono mal resolvido.
fico ruminando os pensamentos
e cada vez mais o peito dói.
começo a sonhar e de repente acordo
com os olhos cheios e a garganta entupida de choro.
que dia é esse?
que eu sou esse?
hoje pensei em ver o tumulo
daqueles que eram muito próximos.
a morte é uma coisa louca
somos fascinados por ela e
em pânico ficamos quando ela está pronta.
...
falo da morte
do significado da morte
do próprio rito
da passagem
ela deve nos parecer próxima e
não deve ser desconhecida,
é preciso apender a convive-la.
é por ela
que nascem os filhos
que se reparte a vida
a ida e a vinda de muitas coisas.
é uma porta que se abre.
e se não formos rápidos ela se fechará.
e de novo sem a mudança
sem andança
sem a revolução
sem solução
sem sabor
sem saber
sobreviver...
ficamos imóveis
sem vida
vidinha...

sábado, fevereiro 26, 2005

sonho de consumo........um dia sumo

não sei o que tem acontecido
mas as vezes as coisas pesam
coisas simples
talvez simples
me partem pelo meio.
um jeito de existir
como se não existisse
não funciona mais
era assim na infância
e talvez só nela
ninguém me via
ninguém sabia onde eu estava
mas eu estava sempre
lá dentro de meus pensamentos
desespero
erro
desdenho
porque esqueço
por que me amedronto
por que erro
por que faço tudo isso?
como faz pra melhora esse desespero?
aqui me encontro
sem a espera de mim mesma
sem esperança e
o que resta latejando é essa mania de sofrer
de culpar-me
de ser tímida
de ter de ser certo
alguma coisa está fora do lugar
não tô conseguindo mais esconder,
cada vez mais a anágua aparece
de certo um dia mude
deixar de ser certo
sem sofrer
esse é meu sonho de consumo

terça-feira, fevereiro 22, 2005

a lua voltou............achou algum planeta

a lua já achou seu curso.
ela estava desbaratinada
e eu me sentia não kafka, mas a própria barata.
fico pensando se realmente
são só as mulheres que seguem desenfreadas
a influência fluida da lua,
se são só elas que são tomadas por esse caos
de água?
e os homens?
em que ilha se aquietam nesses dias de tempestade?
nós fêmeas somos regidas e tomadas por nossos impulsos,
colapsos, desejos e histerias...
alguém já viu um homem histérico?
ah! hormônios mutantes até onde nos levarão?
a loucura ou a sobrevivência?

domingo, fevereiro 20, 2005

estou fraca

estou fraca.
hoje não consigo me suportar,
a alma está doída de medo
querendo o teu colo.
calo.
estou fraca de mim mesma.
dói.
o olho envesga de tanto não poder ver,
de não conseguir ser.
o ser do homem dói,
aquilo que se quer dói
e o medo
também.
ah! fantasmas da alma
será que não acalmam,
vão a merda
pra me deixar dormir.
quero não acordar e matar
a obrigação de sonhar.
tenho inveja do cansaço
quero matar um outro
qualquer coisa
até eu mesma.
quero o alívio
quero o sono depois do gozo
quero poder ficar ereta.
quero que minhas costas se desfaçam
e que as escápulas virem do avesso
quero apenas penas para alçar vôo.
quero que meu peito se esvazie.
quero
tanto
e tanta
coisa
.

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

tocar........................ar

hoje a calmaria atravessou.
o dia derreteu penetrando levemente a terra, o fogo se apagou e o que restou é pó molhado de lágrima.
não de dor ou medo, mas de sol e vento,
de ar arrumado, de lavar, de larvar, de lavrar, de lá...
lá do lado da alma.
hoje o dia atravessou o tempo.
tem dias que são assim, sem sal com vento...
dias que tocam
só trocam
sem cantar...

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

meu estômago está vazio,
rói uma vontade de carne viva e o calor de meus pensamentos tiram da minha cintura, suor.
quero descer pelas pernas esses tormentos sonhos
em sonos lúcidos à luz do dia, clareando minha pele de leite e pêlo.
golpes e golfos de meu ventre expostos aos olhos de alguém...
o sol entreabre a janela e as pernas se derretem para deixar esquentar os lábios, a boca molhada não diz o nome, não é você senão muitos, não vem niguém... os dedos deslizam esquecidos, no meio da coberta. a solidão invade o tempo, o vento pára, me torno surda, os séculos se passam nestes segundos que durmo e despeço-me do dia.

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

encontro no vazio

aqui estou, cheguei, não sei bem como... mas consegui, no virtual para nem sei quem. estou pronta para me procurar por essas linhas a serem escritas, vazias, espaças, cheias de nada.
ai, no hoje triste e cheio de aperto perto do coração, aquele peito pele, que pulsa leve sem levar para fora o que dentro explode, dói...ai, aí, e aqui... oi para o vazio sozinho sem abraço, hoje durmo sem dar o tapa no rosto, sem levar o apertão que chora, sem lavar a alma de gosto salgado. sem sono despeço, desdenho e desejo... alguém ou muitos...