sábado, setembro 10, 2005

so corro

aqui deste lugar vejo o mundo
que lugar é esse?
...
preciso descer
pois o mundo está lá
e eu fora dele
...
socorro!!!!

quarta-feira, agosto 03, 2005

de leite ao abam dono

abandono:

deixar de lado alguma coisa
talvez esquecer
ou simplesmente deixa-la descansar

abandono
seria estar sem dono?
estar entregue ao leo e ao vento
ao tempo?

sentir abandonado é estar
sem apoio
sem pés e chão?
é estar só sem comando
ou sem comandante

ou não...

eu abandonei minha casa
minha ex-casa
deixei-a de lado
para dar espaço a casar
arrumar outra casa
pra dar outro rumo
assim arrumo
meu casar
meu caos
meus cacos perdidos de um lugar a outro
assim arrumo e rumo espaços

meus pés e meus passos
cheios de sede
e
de
lei
te
...

terça-feira, junho 28, 2005

beirando ser

encontros
...
encontro pessoas
e cada uma
tem suas histórias

cada um é o que é
aquilo o que pode
ou pôde ser

isso em si tem a sua beleza
...

as beiradas
as bordas
a dobra
a boca
são maneiras de se encontrar
de se tocar
beijar

beiramos tantas coisas
beijamos
tantas das quais temos que aprender
e tantas d´outras não queremos

beiramos o abismo de ser

quinta-feira, junho 02, 2005

gotejar

foram dias
hoje sangrei
a cada um dos aglomerados 21 dias
me desfaço um pouco de sangue
a cada fragilidade do tempo
existo
conto as luas
a maré sobe e desce
até encher a face
deixando rúbia
e rosa
até volver de dentro
o ventre
o vento
gostaria de poder encher de outra
ou outro esse lugar vazio de morte
a cada gota
um sono
um desejo pulsante de ser outra
de fazer outro
beber
ninar
e leitar
leito
deito
espero
paro e
parto
ao partir
ao parir

quarta-feira, maio 04, 2005

sono

a dor de cabeça atordoada fixa aos pensamentos
vejo os momentos passarem nos minutos que findam o dia
e nada de novo aconteceu
o estado letárgico invadiu o dia e a noite
e eu não sinto outra vontade senão dormir
doer e dormir amortecendo as coisas por fora
meu corpo como num armário de lata fechada
fica espremido de ar
sinto o frio penetrando devagar
tomando conta do sangue
o sangue frio se torna
me toma
a me dronta

me deixo e sonho
dor mim (r)

quinta-feira, abril 28, 2005

terra de ser lugar

cada vez que
des-cubro
os cantos
do corpo
sinto vontade
de criar raizes
entre os sentidos
as peles se misturam
de cantos e cheiros:
canteiros
terra e semente
se molham
fecundam
ouço o canto dos cantos
...
o som daqueles mudos instantes cantantes
silencio profundo de ser
seres
serei
hei
...

terça-feira, abril 26, 2005

gatos

um canto é um encontro.
duas paredes que se misturam.
é o dobrar-se.
a própria quina.
a esquina.
a continuação de chão e paredes
ou talvez um teto.
um trio de dimensão num ponto.

os gatos os procuram...
os cantos, as caixas,
mas principalmente tetos...
eles precisam estar cobertos,
escondidos pelo escuro.
os gatos são discretos.
aparentemente imparciais,
mas sabem muito bem procurar os cantos,
mesmo quando estes sejam pedaços de gente.
eles sabem do aconchego.
eles sentem quando nossos cantos estão vazios
e silenciosamente eles os recheiam.

com os bigodes finos
eles nos acompanham
e tomam o tempo...
o tempo do tamanho de cada canto.
e deitam...
deitam a vida num deleite de estar presente.

estar presente no canto
no encontro
num ponto.

quarta-feira, abril 13, 2005

quinta-feira, março 31, 2005

gravidade

hoje eu vi uma barriga
não só vi como senti ela mexer-se
um grão enorme e cheio de vida
que está morando lá dentro
por algum tempo.
fez-me pensar na engenhozidade das coisas do mundo,
nas brincadeiras de prazer,
naquilo que construimos,
no que deixamos de pegadas,
de silêncios...
somos mortais
por isso criamos a vida,
os nossos rastros são deixados como crianças
obras, poesia, sonho, memória...
enfinidade de coisas
afinadas ou não.
é isso que torna nosso sangue imortal,
torna nossa maneira de ver e viver imortal,
isso faz ficarmos lembrados,
isso faz lembrarmos de alguéns,
é nessa costura que sinto o que ainda não fui
que sonho o que serei sem o ser
é o que me atravessa nos tempos
de antes
de hoje
e longe
decico à linda maria que chegará em breve à me ensinar a vi-ver

quarta-feira, março 30, 2005

.......chão de memória e tempo

estive fora
fora do ar noutro lugar
um mês voando passou e tantas
tantas coisas com o vento e eu.
aqui percebo findo mês de março,
e as águas do mesmo,
no fim do caminho
é pau é pedra
é coragem que se assegura
é meu retorno ao lugar escondido
ao buraco exposto à todos.
saúdo com saudades...
hoje é um dia comum
daqueles que fazemos coisas muitas.
riscando a lista de afazeres
linha por linha passei o dia
sem muito
nem pouco
um dia de retomar os pulsos
de refazer os passos
pouco a pouco o cotidiano se aconchega
e a vida vai ruminando
o pulso e o inpulso,
e os passos já passados
se tornam bases de um chão de memória
percorridos por aqueles instantes desapercebidos de um dia comum
como hoje
amanhã e sempre.
hoje dedico meus passos,
ao meu anjo inspirador
com olhos de azeitonas verdes
e dentes cruzados,
para o sempre...

segunda-feira, fevereiro 28, 2005

saber ventar

hoje é daqueles dias que só basta ventar...
os olhos enchem de água e não se consegue mais engolir.
acordo muito antes do sonho acabar e
ainda com o sono mal resolvido.
fico ruminando os pensamentos
e cada vez mais o peito dói.
começo a sonhar e de repente acordo
com os olhos cheios e a garganta entupida de choro.
que dia é esse?
que eu sou esse?
hoje pensei em ver o tumulo
daqueles que eram muito próximos.
a morte é uma coisa louca
somos fascinados por ela e
em pânico ficamos quando ela está pronta.
...
falo da morte
do significado da morte
do próprio rito
da passagem
ela deve nos parecer próxima e
não deve ser desconhecida,
é preciso apender a convive-la.
é por ela
que nascem os filhos
que se reparte a vida
a ida e a vinda de muitas coisas.
é uma porta que se abre.
e se não formos rápidos ela se fechará.
e de novo sem a mudança
sem andança
sem a revolução
sem solução
sem sabor
sem saber
sobreviver...
ficamos imóveis
sem vida
vidinha...

sábado, fevereiro 26, 2005

sonho de consumo........um dia sumo

não sei o que tem acontecido
mas as vezes as coisas pesam
coisas simples
talvez simples
me partem pelo meio.
um jeito de existir
como se não existisse
não funciona mais
era assim na infância
e talvez só nela
ninguém me via
ninguém sabia onde eu estava
mas eu estava sempre
lá dentro de meus pensamentos
desespero
erro
desdenho
porque esqueço
por que me amedronto
por que erro
por que faço tudo isso?
como faz pra melhora esse desespero?
aqui me encontro
sem a espera de mim mesma
sem esperança e
o que resta latejando é essa mania de sofrer
de culpar-me
de ser tímida
de ter de ser certo
alguma coisa está fora do lugar
não tô conseguindo mais esconder,
cada vez mais a anágua aparece
de certo um dia mude
deixar de ser certo
sem sofrer
esse é meu sonho de consumo

terça-feira, fevereiro 22, 2005

a lua voltou............achou algum planeta

a lua já achou seu curso.
ela estava desbaratinada
e eu me sentia não kafka, mas a própria barata.
fico pensando se realmente
são só as mulheres que seguem desenfreadas
a influência fluida da lua,
se são só elas que são tomadas por esse caos
de água?
e os homens?
em que ilha se aquietam nesses dias de tempestade?
nós fêmeas somos regidas e tomadas por nossos impulsos,
colapsos, desejos e histerias...
alguém já viu um homem histérico?
ah! hormônios mutantes até onde nos levarão?
a loucura ou a sobrevivência?

domingo, fevereiro 20, 2005

estou fraca

estou fraca.
hoje não consigo me suportar,
a alma está doída de medo
querendo o teu colo.
calo.
estou fraca de mim mesma.
dói.
o olho envesga de tanto não poder ver,
de não conseguir ser.
o ser do homem dói,
aquilo que se quer dói
e o medo
também.
ah! fantasmas da alma
será que não acalmam,
vão a merda
pra me deixar dormir.
quero não acordar e matar
a obrigação de sonhar.
tenho inveja do cansaço
quero matar um outro
qualquer coisa
até eu mesma.
quero o alívio
quero o sono depois do gozo
quero poder ficar ereta.
quero que minhas costas se desfaçam
e que as escápulas virem do avesso
quero apenas penas para alçar vôo.
quero que meu peito se esvazie.
quero
tanto
e tanta
coisa
.

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

tocar........................ar

hoje a calmaria atravessou.
o dia derreteu penetrando levemente a terra, o fogo se apagou e o que restou é pó molhado de lágrima.
não de dor ou medo, mas de sol e vento,
de ar arrumado, de lavar, de larvar, de lavrar, de lá...
lá do lado da alma.
hoje o dia atravessou o tempo.
tem dias que são assim, sem sal com vento...
dias que tocam
só trocam
sem cantar...

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

meu estômago está vazio,
rói uma vontade de carne viva e o calor de meus pensamentos tiram da minha cintura, suor.
quero descer pelas pernas esses tormentos sonhos
em sonos lúcidos à luz do dia, clareando minha pele de leite e pêlo.
golpes e golfos de meu ventre expostos aos olhos de alguém...
o sol entreabre a janela e as pernas se derretem para deixar esquentar os lábios, a boca molhada não diz o nome, não é você senão muitos, não vem niguém... os dedos deslizam esquecidos, no meio da coberta. a solidão invade o tempo, o vento pára, me torno surda, os séculos se passam nestes segundos que durmo e despeço-me do dia.

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

encontro no vazio

aqui estou, cheguei, não sei bem como... mas consegui, no virtual para nem sei quem. estou pronta para me procurar por essas linhas a serem escritas, vazias, espaças, cheias de nada.
ai, no hoje triste e cheio de aperto perto do coração, aquele peito pele, que pulsa leve sem levar para fora o que dentro explode, dói...ai, aí, e aqui... oi para o vazio sozinho sem abraço, hoje durmo sem dar o tapa no rosto, sem levar o apertão que chora, sem lavar a alma de gosto salgado. sem sono despeço, desdenho e desejo... alguém ou muitos...