quinta-feira, março 31, 2005

gravidade

hoje eu vi uma barriga
não só vi como senti ela mexer-se
um grão enorme e cheio de vida
que está morando lá dentro
por algum tempo.
fez-me pensar na engenhozidade das coisas do mundo,
nas brincadeiras de prazer,
naquilo que construimos,
no que deixamos de pegadas,
de silêncios...
somos mortais
por isso criamos a vida,
os nossos rastros são deixados como crianças
obras, poesia, sonho, memória...
enfinidade de coisas
afinadas ou não.
é isso que torna nosso sangue imortal,
torna nossa maneira de ver e viver imortal,
isso faz ficarmos lembrados,
isso faz lembrarmos de alguéns,
é nessa costura que sinto o que ainda não fui
que sonho o que serei sem o ser
é o que me atravessa nos tempos
de antes
de hoje
e longe
decico à linda maria que chegará em breve à me ensinar a vi-ver

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